u a rezar. Era uma orazgo que nunca tinha feito antes, porque era uma orazgo sem palavras ou sem pedidos. Ngo estava agradecendo pelas ovelhas haverem encontrado um pasto, nem implorando para vender mais cristais, nem pedindo para que a mulher que havia encontrado estivesse esperando sua volta. No silkncio que se seguiu, o rapaz entendeu que o deserto, o vento, e o sol tambjm buscavam os sinais que aquela Mgo havia escrito, e procuravam cumprir seus caminhos e entender o que estava escrito numa simples esmeralda. Sabia que aqueles sinais estavam espalhados na Terra e no Espazo, e que em sua aparkncia ngo tinham qualquer motivo ou significado, e que nem os desertos, nem os ventos, nem os suis, e nem os homens sabiam porque tinham sido criados. Mas aquela Mgo tinha um motivo para tudo isto, e su ela era capaz de operar milagres, de transformar oceanos em desertos, e homens em vento. Porque su ela entendia que um desngnio maior empurrava o Universo a um ponto onde os seis dias da criazgo se transformariam na Grande Obra. E o rapaz mergulhou na Alma do Mundo, e viu que a Alma do Mundo era a parte da Alma de Deus, e viu que a Alma de Deus era a sua prupria alma. E que podia, entgo, realizar milagres. O simum soprou naquele dia como jamais havia soprado. Durante muitas gerazhes os brabes contaram entre si a lenda de um rapaz que havia se transformado em vento, quase destrundo um acampamento militar, e desafiado o poder do mais importante general do deserto. Quando o simum parou de soprar, todos olharam para o lugar onde o rapaz estava. Ele ngo estava mais lb; estava junto a um sentinela quase coberto de areia, e que vigiava o outro lado do acampamento. Os homens estavam apavorados com a bruxaria. Su duas pessoas sorriam: o Alquimista, porque tinha encontrado seu discnpulo certo, e o General, porque o discnpulo tinha entendido a gluria de Deus. No dia seguinte, o general despediu-se do rapaz e do Alquimista, e pediu que uma escolta os acompanhasse atj onde os dois quisessem. Caminharam o dia inteiro. Quando estava entardecendo, chegaram em frente a um mosteiro copta. O Alquimista dispensou a escolta, e desceu de seu cavalo. ­ Daqui para frente vock vai sozinho ­ disse o Alquimista. ­ Sgo apenas trks horas atj as Pirvmides. ­ Obrigado ­ disse o rapaz. ­ Vock me ensinou a Linguagem do Mundo. ­ Eu apenas recordei o que vock jb sabia. O Alquimista bateu na porta do mosteiro. Um monge todo vestido de preto veio atender. Conversaram alguma coisa em copta, e o alquimista convidou o rapaz para entrar. ­ Pedi que me emprestasse um pouco a cozinha ­ disse ele. Foram atj a cozinha do mosteiro. O Alquimista acendeu o fogo, e o monge trouxe um pouco de chumbo, que o Alquimista derreteu dentro de um vaso de ferro. Quando o chumbo tinha virado lnquido, o Alquimista tirou do seu saco aquele estranho ovo de vidro amarelado. Raspou uma camada do tamanho de um fio de cabelo, envolveu-o em cera, e atirou na panela com o chumbo. A mistura ganhou uma cor vermelha, como o sangue. O Alquimista entgo tirou a panela do fogo e a deixou esfriar. Enquanto isto, conversava com o monge a respeito da guerra dos clgs. Deve durar muito ­ disse ele para o monge. O monge estava aborrecido. Fazia tempo que as caravanas estavam paradas em Gizeh, esperando que a guerra acabasse. "Mas seja feita a vontade de Deus", disse o monge. ­ Exatamente ­ respondeu o Alquimista. Quando a panela acabou de esfriar, o monge e o rapaz olharam deslumbrados. O chumbo tinha secado na forma circular da panela, mas jb ngo era mais chumbo. Era ouro. ­ Aprenderei a fazer isto um dia? ­ perguntou o rapaz. ­ Esta foi minha Lenda Pessoal, e ngo a sua ­ respondeu o Alquimista. ­ Mas queria lhe mostrar que j possnvel. Caminharam de novo atj a porta do convento. Ali, o Alquimista dividiu o disco em quatro partes. ­ Esta j para vock ­ disse ele, estendendo uma parte para o monge. ­ Por sua generosidade com os peregrinos. ­ Estou recebendo um pagamento aljm da minha generosidade ­ respondeu o monge. ­ Jamais repita isto. A vida pode escutar, e lhe dar menos da pruxima vez. Depois aproximou-se do rapaz. ­ Esta j para vock. Para pagar o que deixou com o general. O rapaz ia dizer que era muito mais do que havia deixado com o general. Mas ficou quieto, porque tinha ouvido o comentbrio do Alquimista com o monge ... ­ Esta j para mim ­ disse o Alquimista, guardando uma parte. ­ Porque tenho que voltar pelo deserto, e existe uma guerra entre os clgs. Entgo pegou o quarto pedazo e deu de novo para o monge. ­ Esta j para o rapaz. Caso ele necessite. ­ Mas estou indo em busca do meu tesouro ­ disse o rapaz. Estou perto dele agora! ­ E tenho certeza que irb encontrb-lo ­ falou o Alquimista. ­ Entgo por que isto? ­ Porque vock jb perdeu duas vezes, com o ladrgo e com o general, o dinheiro que ganhou em sua viagem. Eu sou um velho brabe supersticioso, que acredito nos provjrbios de minha terra. E existe um provjrbio que diz: "Tudo que acontece uma vez, pode nunca mais acontecer. Mas tudo que acontece duas vezes, acontecerb certamente uma terceira". Montaram em seus cavalos. ­ Quero lhe contar uma histuria sobre sonhos ­ disse o Alquimista. O rapaz aproximou seu cavalo. ­ Na antiga Roma, na jpoca do imperador Tibjrio, vivia um homem muito bom, que tinha dois filhos: um era militar, e quando entrou para o exjrcito, foi enviado para as mais distantes regihes do Impjrio. O outro filho era poeta, e encantava toda Roma com seus belos versos. "Certa noite, o velho teve um sonho. Um anjo lhe aparecia para dizer que as palavras de um de seus filhos seriam conhecidas e repetidas no mundo inteiro, por todas as gerazhes vindouras. O velho homem acordou agradecido e chorando naquela noite, porque a vida era generosa, e havia lhe revelado uma coisa que qualquer pai teria orgulho de saber. "Pouco tempo depois, o velho morreu ao tentar salvar uma crianza que ia ser esmagada pelas rodas de uma carruagem. Como tinha se comportado de maneira correta e justa por toda a sua vida, foi direto para o cju, e encontrou-se com o anjo que havia aparecido em seu sonho. "­ Vock foi um homem bom ­ disse-lhe o anjo. ­ Viveu sua existkncia com amor, e morreu com dignidade. Posso realizar agora qualquer desejo que tenha. "­ A vida tambjm foi boa para mim ­ respondeu o velho. ­ Quando vock apareceu em um sonho, senti que todos os meus esforzos estavam justificados. Porque os versos de meu filho ficargo entre os homens pelos sjculos vindouros. Nada tenho a pedir para mim; entretanto, todo pai se orgulharia de ver a fama de algujm que ele cuidou quando crianza e educou quando jovem. Gostaria de ver, no futuro distante, as palavras do meu filho. "O anjo tocou no ombro do velho, e os dois foram projetados para um futuro distante. Em volta deles apareceu um lugar imenso, com milhares de pessoas, que falavam numa lnngua estranha. "O velho chorou de alegria. "­ Eu sabia que os versos do meu filho poeta eram bons e imortais ­ disse para o anjo, entre lbgrimas. ­ Gostaria que vock me dissesse qual de suas poesias estas pessoas estgo repetindo. "O anjo entgo se aproximou do velho com carinho, e sentaram-se num dos bancos que havia naquele imenso lugar. "­ Os versos de seu filho poeta foram muito populares em Roma ­ disse o anjo. ­ Todos gostavam, e se divertiam com eles. Mas quando o reinado de Tibjrio acabou, seus versos tambjm foram esquecidos. Estas palavras sgo de seu filho que entrou para o exjrcito. "O velho olhou surpreso para o anjo. "­ Seu filho foi servir num lugar distante, e tornou-se centurigo. Era tambjm um homem justo e bom. Certa tarde, um dos seus servos ficou doente, e estava para morrer. Seu filho, entgo, ouviu falar de um rabi que curava os doentes, e andou dias e dias em busca deste homem. Enquanto caminhava, descobriu que o homem que estava procurando era o Filho de Deus. Encontrou outras pessoas que haviam sido curadas por ele, aprendeu seus ensinamentos, e mesmo sendo um centurigo romano converteu-se a sua fj. Atj que certa manhg chegou perto do Rabi. "­ Contou-lhe que tinha um servo doente. E o Rabi se prontificou a ir atj sua casa. Mas o centurigo era um homem de fj, e olhando no fundo dos olhos do Rabi, compreendeu que estava mesmo diante do Filho de Deus, quando as pessoas em volta deles se levantaram. "­ Estas sgo as palavras de seu filho ­ disse o anjo ao velho . ­ Sgo as palavras que ele disse ao Rabi naquele momento, e que nunca mais foram esquecidas". Dizem: "Senhor eu ngo sou digno que entreis em minha casa, mas dizei uma su palavra e meu servo serb salvo". O Alquimista moveu seu cavalo. ­ Ngo importa o que faza, cada pessoa na Terra estb sempre representando o papel principal da Histuria do mundo ­ disse ele. ­ E normalmente ngo sabe disto. O rapaz sorriu. Nunca havia pensado que a vida pudesse ser tgo importante para um pastor. ­ Adeus ­ disse o Alquimista. ­ Adeus ­ respondeu o rapaz. O rapaz caminhou duas horas e meia pelo deserto, procurando escutar atentamente o que seu corazgo dizia. Era ele que iria revelar o local exato onde o tesouro estava escondido. "Onde estiver seu tesouro, ali estarb tambjm o seu corazgo", dissera o Alquimista. Mas seu corazgo falava em outras coisas. Contava com orgulho a histuria de um pastor que havia deixado suas ovelhas para seguir um sono que se repetiu duas noites. Contava da Lenda Pessoal, e de muitos homens que fizeram isto, que foram em busca de terras distantes ou de mulheres bonitas, enfrentando os homens de sua jpoca com seus preconceitos e conceitos. Falou durante todo aquele tempo de viagens, de descobertas, de livros e de grandes mudanzas. Quando ia comezar a subir uma duna ­ e su naquele momento ­ foi que seu corazgo sussurrou ao seu ouvido ­ "esteja atento para o lugar onde vock chorar. Porque neste lugar estou eu, e neste lugar estb seu tesouro". O rapaz comezou a subir a duna lentamente. O cju, coberto de estrelas, mostrava de novo uma lua cheia; haviam caminhado um mks pelo deserto. A lua iluminava tambjm a duna, num jogo de sombras, que fazia com que o deserto parecesse um mar cheio de ondas, e fazia com que o rapaz se lembrasse do dia em que soltara livremente um cavalo pelo deserto, dando um bom sinal ao Alquimista. Finalmente a lua iluminava o silkncio do deserto, e a jornada que fazem os homens que buscam tesouros. Quando, depois de alguns minutos, chegou ao topo da duna, seu corazgo deu um salto. Iluminadas pela luz da lua cheia e pelo branco do deserto, erguiam-se majestosas e solenes as Pirvmides do Egito. O rapaz caiu de joelhos e chorou. Agradecia a Deus por haver acreditado em sua Lenda Pessoal, e por haver encontrado certo dia um rei, um mercador, um inglks, e um alquimista. Sobretudo, por haver encontrado uma mulher do deserto, que lhe tinha feito entender que o Amor jamais vai separar o homem de sua Lenda Pessoal. Os muitos sjculos das Pirvmides do Egito contemplavam, do alto, o rapaz. Se ele quisesse, podia agora voltar ao obsis, pegar Fbtima, e viver como simples pastor de ovelhas. Porque o Alquimista vivia no deserto, mesmo compreendendo a Linguagem do Mundo, mesmo sabendo transformar chumbo em ouro. Ngo tinha que mostrar a ningujm sua cikncia e sua arte. Enquanto caminhava em direzgo a sua Lenda Pessoal, havia aprendido tudo que precisava, e havia vivido tudo que tinha sonhado viver. Mas havia chegado ao seu tesouro, e uma obra su estb completa quando o objetivo j atingido. Ali, naquela duna, o rapaz havia chorado. Olhou para o chgo e viu que, no local onde haviam cando suas lbgrimas, um escaravelho passeava. Durante o tempo que havia passado no deserto, tinha aprendido que, no Egito, os escaravelhos eram o snmbolo de Deus. Ali estava mais um sinal. E o rapaz comezou a cavar, depois de lembrar-se do mercador de cristais; ningujm conseguiria ter uma Pirvmide no seu quintal, mesmo que amontoasse pedras por toda a sua vida. Durante a noite inteira o rapaz cavou no lugar marcado, sem encontrar nada. Do alto das Pirvmides, os sjculos o contemplavam, em silkncio . Mas o rapaz ngo desistia: cavava e cavava, lutando com o vento, que muitas vezes tornava a trazer a areia de volta para o buraco. Suas mgos ficaram cansadas depois feridas, mas o rapaz acreditava em seu corazgo. E seu corazgo dissera para cavar onde suas lbgrimas canssem. De repente, quando estava tentando tirar algumas pedras que haviam aparecido, o rapaz ouviu passos. Algumas pessoas se aproximaram dele. Estavam contra a lua, e o rapaz ngo podia ver seus olhos, nem seus rostos. ­ O que vock estb fazendo an? ­ perguntou um dos vultos. O rapaz ngo respondeu. Mas sentiu medo. Tinha agora um tesouro para desenterrar, e por isso tinha medo. ­ Somos refugiados da guerra dos clgs ­ disse outro vulto. ­ Precisamos saber o que vock esconde an. Precisamos de dinheiro. ­ Ngo escondo nada ­ respondeu o rapaz. Mas um dos recjm-chegados agarrou-o e o puxou para fora do buraco. Outro comezou a revistar seus bolsos. E encontraram o pedazo de ouro. ­ Ele tem ouro ­ disse um dos salteadores. A lua iluminou a face de quem o estava revistando, e ele viu, em seus olhos, a morte. ­ Deve haver mais ouro escondido no chgo ­ disse outro. E obrigaram o rapaz a cavar. O rapaz continuou cavando, e ngo havia nada. Entgo comezaram a bater no rapaz. Espancaram o rapaz atj que aparecessem no cju os primeiros raios de sol. Sua roupa ficou em frangalhos, e ele sentiu que a morte estava pruxima. "De que adianta o dinheiro, se tiver que morrer? Poucas vezes o dinheiro j capaz de livrar algujm da morte", dissera o Alquimista. ­ Estou procurando um tesouro! ­ gritou finalmente o rapaz. E mesmo com a boca ferida e inchada de pancadas, contou aos salteadores que havia sonhado duas vezes com um tesouro escondido junto das Pirvmides do Egito. O que parecia o chefe ficou um longo tempo em silkncio. Depois falou com um deles: ­ Pode deixb-lo. Ele ngo tem mais nada. Deve ter roubado este ouro. O rapaz caiu com o rosto na areia. Dois olhos procuraram os seus; era o chefe dos salteadores. Mas o rapaz estava olhando as Pirvmides. ­ Vamos embora ­ disse o chefe para os outros. Depois, virou-se para o rapaz: ­ Vock ngo vai morrer ­ disse. ­ Vai viver e aprender que o homem ngo pode ser tgo est®pido. An, neste lugar onde vock estb, eu tambjm tive um sonho repetido hb quase dois anos atrbs. Sonhei que devia ir atj os campos da Espanha, buscar uma igreja em runnas onde os pastores costumavam dormir com suas ovelhas, e que tinha um sicfmoro crescendo dentro da sacristia, se eu cavasse na raiz deste sicfmoro, haveria de encontrar um tesouro escondido. Mas ngo sou est®pido de cruzar um deserto su porque tive um sonho repetido. Depois foi embora. O rapaz levantou-se com dificuldade, e olhou mais uma vez para as Pirvmides. As Pirvmides sorriram para ele, e ele sorriu de volta, com o corazgo repleto de felicidade. Havia encontrado o tesouro. EPNLOGO O rapaz chamava-se Santiago. Chegou na pequena igreja abandonada quando jb estava quase anoitecendo. O sicfmoro ainda continuava na sacristia, e ainda se podiam ver as estrelas atravjs do teto semidestrundo. Lembrou-se que certa vez havia estado ali com suas ovelhas, e que tinha sido uma noite tranq'ila, exceto pelo sonho. Agora ele estava sem o seu rebanho. Ao invjs disto, trazia uma pb. Ficou muito tempo olhando o cju. Depois tirou do alforje uma garrafa de vinho, e bebeu. Lembrou-se da noite no deserto, quando tinha tambjm olhado as estrelas e bebido vinho com o Alquimista. Pensou nos muitos caminhos que tinha andado, e a maneira estranha de Deus lhe mostrar o tesouro. Se ngo tivesse acreditado em sonhos repetidos, ngo tinha encontrado a cigana, nem o rei, nem o salteador, nem... "bom, a lista j muito grande. Mas o caminho estava escrito pelos sinais, e eu ngo tinha como errar", disse para si mesmo. Dormiu sem perceber, e quando acordou, o sol jb ia alto. Entgo comezou a escavar a raiz do sicfmoro. "Velho bruxo", pensava o rapaz. "Vock sabia de tudo. Deixou atj mesmo um pouco de ouro para que eu pudesse voltar atj esta Igreja. O monge riu quando me viu voltar em frangalhos. Ngo podia me poupar isto?" "Ngo", ele escutou o vento dizer: "Se eu tivesse lhe contado, vock ngo teria visto as Pirvmides. Sgo muito bonitas, ngo acha?" Era a voz do Alquimista. O rapaz sorriu e continuou a cavar. Meia hora depois, a pb bateu em algo sulido. Uma hora depois ele tinha diante de si um ba® cheio de velhas moedas de ouro espanholas. Havia tambjm pedrarias, mbscaras de ouro com penas brancas e vermelhas, ndolos de pedra cravejados de brilhantes. Pezas de uma conquista que o pans jb havia esquecido hb muito tempo, e que o conquistador se esquecera de contar para seus filhos. O rapaz tirou o Urim e o Tumim do alforje. Tinha utilizado as duas pedras apenas uma vez, quando estava certa manhg, num mercado. A vida e o seu caminho estiveram sempre cheios de sinais. Guardou o Urim e o Tumim no ba® de ouro. Eram tambjm parte de seu tesouro, porque lembravam um velho rei que jamais tornaria a encontrar. "Realmente a vida j generosa com quem vive sua Lenda Pessoal", pensou o rapaz. Entgo lembrou-se de que tinha que ir atj Tarifa, e dar um djcimo daquilo tudo para a cigana. "Como sgo espertos os ciganos", pensou. Talvez fosse porque viajavam tanto. Mas o vento voltou a soprar. Era o Levante, o vento que vinha da Bfrica. Ngo trazia o cheiro do deserto, nem a ameaza de invasgo dos mouros. Ao invjs disto, trazia um perfume que ele conhecia bem, e o som de um beijo ­ que veio vindo devagar, devagar, atj parar em seus lbbios. O rapaz sorriu. Era a primeira vez que ela fazia isto. ­ Estou indo, Fbtima ­ disse ele.